domingo, 16 de agosto de 2009

Te Cuidaaa

“Te cuida”, foi o que falei, virei as costas e segui o caminho que há muito tempo tenho desenhado em minha mente. Não escutei uma resposta, algo como “tu também”, após minha fala. Isso não soou bem. Desde tempos remotos tenho o costume de pedir para que as pessoas se cuidem, principalmente em despedidas. Entre as inúmeras formas de se despedir de alguém, elegi esta como a mais completa. Desde que nascemos estamos sozinhos por aí, vagando. Claro que existem pessoas que estiveram e estão ao nosso redor o tempo inteiro, mas, quando as coisas estão realmente difíceis, só temos uma pessoa a quem podemos recorrer. Nós mesmos.
Quem mais poderia te cuidar numa situação complicada? Quem mais poderia te ajudar a mediar palavras e tomar as decisões mais corretas? Claro que neste momento se refletem as pessoas que pensei a pouco, as pessoas que te moldaram. Afinal de contas, desde o início somos como argila. Aos poucos vamos tomando forma ou formando um caráter. Chame como quiser. Mas é disso que você e eu dependemos. Então meu amigo, sempre é bom relembrar, te cuida, porque não tem ninguém por ti.
Todos os dias faço este mesmo caminho, e todos os dias olho para essa casa. É um antigo sobrado onde mora um grande amigo. Procuro encontrá-lo na janela ou pela porta. Sem sucesso. Sempre nos cumprimentamos com um ligeiro “ooop”, uma abreviação do “opa”. É inquietante perceber como estas coisas se formam. Entre amigos isso surge naturalmente, tudo que surge naturalmente pode ser considerado puro. Essa é a essência.
Às vezes, enquanto caminho, me pego olhando para meus próprios tênis. Este costume não é bom, por então me manter de cabeça baixa. Pessoas de cabeça baixa não passam uma boa impressão. Mas fico ali decidindo se piso nas linhas ou não, se piso no branco ou no preto. Decisões fúteis que acabam criando uma importância enorme naquele mundo momentâneo criado entre a conversa com alguém e o chegar em casa. Um ruído quebra a linha…
Alguém tocou o interfone do prédio que estou passando na frente. Entre a conversa rápida onde participam alguém de sobretudo e o interfone, escuto um “beijos, te amo”. Quantos “beijos, te amo” já escutei e já repeti em minha vida? Por mais curta que tenha sido ela até então. Quando se começa a sair com uma pessoa podemos dizer ao se despedir, “te cuida, beijos”. Depois passamos a um “te quero, beijos”… E assim segue até chegarmos ao ápice. “Te amo, beijos.”
Seria o “te amo”, um “te cuida” melhorado? Ou de tanto falar, o te amo perdeu o sentido? Se igualando a um simples tchau? Acredito que realmente este tenha sido o destino. Somente agora consigo perceber quantas vezes disse isso em vão. Falei por falar. Poderia ter dito “te cuida”, valeria mais do que um te amo simplesmente exteriorizado para fazer alguém se sentir mais confortável. Pobres pessoas que se acomodaram em uma posição cômoda demais.
Sair disso não deve ser nada fácil. Agora que percebi o quanto estou acostumado a lidar com o te amo como um tchau, sinto que sair disso não será uma tarefa simples. Como seria começar a falar “eu te amo” somente nos momentos que exigirem essa expressão? Parar de dizer todos os dias. Posso sempre ver a pessoa amada, mas não é sempre que estamos dispostos a colocar para fora nossos sentimentos. Que tal deixar sair sem querer? Quando não aguentar mais manter isso dentro de ti. Cai sem querer, pertence ao agora. O “eu te amo” volta a ser algo puro. Coisas que acontecem no momento, sem querer, expressam a verdade absoluta. Se você pensou um pouco para falar, se hesitou, já faz parte do passado. Esqueça.
Nunca foi uma tarefa fácil aceitar e conviver com o novo. Ele costuma nos causar medo. Como seria, a partir de agora, viver cada segundo com a intensidade que o novo implica? Viver sem saber onde vai dar. Todos nós deveríamos agir assim. É… deveríamos. Nos acostumamos a robotizar o dia-a-dia. O pior de tudo é que estou incluso. Até então eu era apenas mais uma pessoa simplesmente programada para fazer as obrigações de sempre. Era? Teria eu saído disto apenas por me dar conta? Não… não. Desprogramar exige um esforço muito maior.
Seria interessante começar pelos detalhes que percebi a pouco. Começar a dizer “te cuida” porque realmente quero que aquela pessoa se cuide. E, dizer “eu te amo”, porque realmente amo. Teria lógica isso? Mas o que quero dizer é que estas expressões devem ser utilizadas no momento certo, quando saírem de dentro como algo incontrolável. O ruim de normatizar as coisas é que o controle se estabelece. E destes sentimentos não devemos ter controle. Abro a portão com minha chave e o mantenho aberto, um antigo vizinho se apressa para pegar a carona. Escuto “muito obrigado rapaz, te cuida!”. Respondo, “de nada”.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009


Cada tempo em seu lugar.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Pra te corromper

Falava palavras com cheiro de inocência. Apesar de seus vinte e poucos anos, seu rosto também denunciava qualquer coisa da infância que pairava sobre seus olhos doces, quase verdes, quase cinzas de uma saudade qualquer. E quando suas pupilas repousavam sobre mim, algo de pecado emergia. Descobri, pouco a pouco, que eu deveria fugir, para que não maculasse esse encanto quase virginal de sua carne. Mas não pude.

Falava como se minhas palavras fossem corromper seus ouvidos. Meus olhos já não possuíam o verde-acobreado costumaz. Era sangue puro, vermelho incandescente prestes a te fazer pecar. De nada adiantava você fechar os sinais de trânsito. Pouco me importava seu sono e o frio da madrugada. Queria toda a sua inocência para mim.

Calei-me, quando amanheceu. E quando te olhei de novo, senti que você havia crescido. E tive medo.

Lais Mouriê

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Como vai ser ruim demais Olhar o tempo, ir sem Ver os seus abraços, seus sorrisos ou suas rimas de amor..

saudade matadeira, boa viagem, vai com Deus, coração já não está mais tão apertado, já entende que é o melhor para os dois. conquiste seu mundo, estarei fazendo o mesmo aqui. um ano, três, até mesmo sete é pouco pra nós. te encontro no nosso céu. pra poder ver esse sorriso de covinhas.